sábado, 20 de junho de 2009


NÚBIOS E ÁRABES .


Em Aswan, cidade na linha do Trópico de Câncer, subo em um faluca (barco à vela típico da região) que me levará até as proximidades do templo de Hórus, herança deixada pela última dinastia que governou o Egito: os Ptolomeus. A embarcação navega tranqüila, empurrada por um vento tênue e pela corrente do Nilo.


Muitos dos habitantes de Aswan tem a pele escura, cor de cobre, e lhes corre nas veias sangue de um nobre grupo étnico da África: os núbios. Região que abrangia o que é hoje o norte do Sudão e a região do Nilo no sul do Egito, a Núbia foi, em algumas épocas, parceira comercial e, em outras, território-vassalo do império egípcio. E, quando inverteu o jogo, por volta de 730 AC, seus reis assumiram o trono faraônico, onde ficaram por quase setenta anos.



Hoje, são quase 500 mil núbios vivendo no Sudão e no Egito. A grande maioria deles adotaram o árabe como idioma e o islamismo como fé, mas sua presença dá um clima todo único a essa região do país, onde se encontra um dos mais belos trechos do Nilo. Nas margens do rio, camponeses cultivam algodão, trigo e cana-de-açúcar. Outros confeccionam redes de pesca, com os pés na água e a atitude despreocupada de uma vida sem pressa. Parecem indiferentes às enormes pontes, de intenso movimento rodoviário, que começam atravessar a milenar paisagem.




Palmeiras se interpõem a sinuosas dunas e, quanto aos crocodilos, dizem que há muitos, mas, infelizmente, não vi nenhum. Chego ao templo de Hórus, em Edfu, após descer do barco, subir em um microônibus e viajar, na estrada, por um par de horas. A obra foi erguida entre 237 e 57 AC. Sua estrutura é composta de uma cadeia de câmaras, corredores e escadas que enredam o visitante em um interessante passeio pela história. Estátuas de Hórus, o deus egípcio em forma de falcão, que os gregos associavam a Apollo, guardam as portas do monumento. Elas não foram capazes, porém, de afugentar os cristãos que, no século 4 DC, danificaram muitos dos baixos-relevos da construção. O Egito estava sob domínio do Império Romano e tais imagens eram consideradas pagãs.

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